sábado, 31 de janeiro de 2015

As flechas e a cruz de Sebastião

O governador Sebastião Afonso Viana Macedo Neves é um homem religioso. O nome é uma homenagem a um dos principais santos do catolicismo, São Sebastião, padroeiro de várias cidades do Brasil, da pequena Xapuri de Chico Mendes, ao Rio de Janeiro e sua constante ebulição. Sua fé é tão grande que nem os luteranos protestantes ficam de fora de seu governo, numa espécie de gestão ecuménica. 

Como político, o petista Tião Viana vive com flechas encravadas no peito, assim como o santo que lhe serviu de inspiração para o batizo. Das traições de aliados, às concessões à que é obrigado a fazer para evitar a rebelião do rebanho aos ataques da oposição, ele carrega além da flecha uma pesada cruz de madeira.

Como bem ensinou o Messias, cada um tome a sua cruz. E a cruz de Tião está bem pesada para este começo de segundo mandato, após o martírio para conquistar a benção da reeleição. Logo no primeiro mês ele viu seu nome envolvido no (atual) maior escândalo da política brasileira.
Segundo “O Estado de São Paulo”, Tião Viana teve seu nome citado na delação premiada de Paulo Roberto Costa, um dos operadores do “petrolão”. A revelação repercutiu em toda a grande imprensa, inclusive no “Jornal Nacional”, depois de ele já ter sido “matéria de abertura” em maio de 2013, com a operação G7.
De imediato o governador negou as acusações, dizendo jamais ter conversado com Costa, entrando com processos contra ele e os veículos de imprensa. Agora a notícia mais recente dá conta de que Tião estaria entre os investigados pela Procuradoria da República no mesmo caso.
Cruz mais pesada que esta para um político não há. O desgaste é enorme, os danos políticos nem se falam. As portas são fechadas e todos querem estar longe de você. Mas, aparentemente, o episódio parece não ter atrapalhado a relação dele com o Planalto, que já não é das melhores, visto o desdém de Dilma Rousseff para com o Acre.
E é Dilma uma das responsáveis por desferir outra flecha no companheiro acreano. As notícias para a economia brasileira não são das melhores. Teremos um novo “pibinho” e o corte de gastos federais afetará sobretudo Estados pobres como Acre, altamente dependente das transferências de Brasília.
Não só as prefeituras amargam perdas, o governo também vê minguar os recursos. Menos verbas federais, aumento do inchaço de pessoal com 940 cargos comissionados e economia em marcha lenta, Tião precisará de muitas estratégias para evitar a parada definitiva da enferrujada maria-fumaça de nossa economia, herdada dos tempos da Madeira Mamoré. 
Serão necessárias muitas peregrinações com pires e vela nas mãos ao Planalto para evitar o colapso. E com o grupo petista adversário de Tião Viana acercando Dilma, as coisas não ficam das mais otimistas. Mas a fé inabalável do governador moverá não só montanhas, mas também os Andes peruanos para o Acre voltar a ser o Jardim do Éden, como prometido na última campanha.
Do Blog Política na Fronteira, Fábio Pontes

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