domingo, 20 de maio de 2012

USADO CONTRA O CRIME E DESCARTADO PELA JUSTIÇA





Abandonado pela justiça, sem dinheiro até para alimentação e sem qualquer tipo de assistência da Secretaria de Direitos Humanos do Acre, o sul-africano Emmanuel Opok Sphiel, uma das principais testemunhas de acusação no caso Hildebrando Pascoal, perambula pelas ruas do município de Brasiléia e diz que foi abandonado, depois que as autoridades acrianas conseguiram a condenação de Hildebrando Pascoal, que é acusado de chefiar o esquadrão da morte no Acre.
O ex-motorista de Hildebrando Pascoal, Emmanuel Opok Sphiel vive um verdadeiro drama na região de fronteira do Alto Acre, onde foi deixado segundo ele, pelo ex-secretário de direitos humanos do Acre, Henrique Corinto, que disponibilizou um carro para leva-lo até a fronteira do Peru e o deixasse sem qualquer ajuda. Opok teria procurado auxílio da pasta de direitos humanos, para conseguir documentação e deixar o Brasil.
O sul-africano afirma que foi desligado do programa de proteção a testemunha, dois anos depois de receber o benefício, passando a peregrinar em vários estados brasileiros. Sphiel afirma que passou mais de 10 anos, se escondendo de pistoleiros e teria escapando de três tentativas de assassinato. 
“A expectativa de uma vida tranquila se desfez dois anos depois da condenação de Hildebrando Pascoal. Depois que passaram dois meses sem mandar comida, liguei para o procurador-geral, que disse apenas expulsaram-me dizendo que havia quebrado as regras do programa.”
Opok teria sido expulso do programa de proteção a testemunhas, acusado de furto em São Paulo. O sul-africano se diz vítima de armações e afirma ter sido usado pelo judiciário acriano e pelo governador Jorge Viana (PT), à época, para condenar Hildebrando. “Fui descartado, como uma laranja chupada, após o que eles queriam”, destaca.
Sem alternativas, Emmanuel Opok voltou ao Acre, em busca de ajuda das entidades de direitos humanos, que de acordo com ele, usaram seu testemunho contra o militar. “Eles [entidades de direitos humanos] me convenceram a testemunhar, com a alegação que eu não teria com o que me preocupar. “Fui jogado no lixo, depois que à Justiça e o governador  Jorge Viana conseguiram a condenação de Hildebrando”.
Desde que resolveu falar o que sabe sobre Hildebrando, para quem diz ter trabalhado por quatro anos como motorista particular, Opok diz que foge da morte e tentou sair do Brasil, como clandestino em um cargueiro, mas foi descoberto em Recife. Depois de ser deixado na fronteira por um veículo do Governo do Acre, tentou permanecer na Bolívia, mas foi expulso pelas autoridades por não ter documentos.
Atualmente, o sul-africano vive de doações do padre Crispim, da Diocese do município de Brasiléia. Nas idas e voltas da vida, Emmanuel Opok, já foi preso e cumpriu pena acusado de estelionato, foi expulso do Brasil e conseguiu a permanência . No momento, não consegue tirar novos documentos, que de acordo com ele, são negados pelas autoridades brasileiras. “Quero sair do Brasil, mas não tenho documentos ou recursos para tira-los”, justifica.
O custo da documentação seria de R$ 305, para poder normalizar sua situação e sair do País. “Tudo que consegui das autoridades acrianas foi com que o ex-secretário dos direitos humanos do Acre, Henrique Corinto, mandasse um carro me levar até a fronteira do Peru e me deixasse sem qualquer ajuda. O ex-deputado e atual secretário dos direitos humanos, Nilson Mourão, sequer me atendeu, quando pedi ajuda”, desabafa Opok.
A testemunha do caso Hildebrando diz que não quer mais ficar no Brasil pelo abandono das autoridades. “Colaborei com a Justiça e com Governo do Acre, mas estou sendo abandonado como um indigente pelos mesmos petistas que precisaram de meu testemunho para incriminar Hildebrando Pascoal. Só preciso de ajuda para retirar uma nova documentação e procurar um novo país, onde eu possa recomeçar com dignidade”.
Ray Melo,
da redação de ac24horas
raymelo@ac24horas.com

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