G1 encontrou casos de chapas formadas por parentes em sete estados: AP, PA, AM, RJ, PI, CE e MA. Prática não é ilegal.
Por Gabriela Caesar, G1
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G1 localizou sete chapas ao Senado que têm laços familiares (Foto: G1 )
As eleições de 2018 terão quase 350 chapas na disputa pelo Senado. E, entre elas, há casos em que parentes dividem o mesmo palanque para chegar à Casa. Há pai como cabeça de chapa e filho na suplência, marido e mulher na mesma composição e irmãos juntos na disputa.
O doutor em ciência política Paulo Magalhães diz que um dos critérios para definir os nomes dos suplentes são os laços familiares. Outro fator, segundo ele, é o potencial de financiar uma campanha. Se o suplente for do mesmo partido do titular, isso ainda "é uma forma de manter a influência parlamentar do partido em caso de afastamento temporário ou definitivo do titular".
O G1 fez uma busca nos dados eleitorais e constatou pelo menos 7 chapas ao Senado formadas por ao menos dois parentes. A prática não configura qualquer irregularidade.
Para o professor da FGV Direito Rio Michael Mohallem, porém, o ato não é positivo para a democracia e ainda cria uma dúvida quanto à capacidade política dos suplentes.
"É natural que os partidos queiram colocar suplentes com potencial político, com histórico, com trajetória e não simplesmente alguém que tenha relação de parentesco com uma figura importante do próprio partido. Essas duas questões (parentesco e financiador), casos que são comuns, geram uma dúvida muito ruim para o titular e para o partido. Não me parece positivo para a democracia."
Um levantamento do G1, publicado em fevereiro, identificou que 41 suplentes de senadores assumiram a titularidade do cargo em algum momento da legislatura. Quase a metade do Senado se afastou do cargo de forma temporária ou definitiva desde fevereiro de 2011.
Cada chapa ao Senado é formada por três nomes: titular, 1º suplente e 2º suplente. Neste ano, o eleitor deve votar duas vezes para o Senado. O atual modelo foi definido na Constituição de 1988.
Os nomes de suplentes para o Senado já são decididos no período eleitoral, mas eles só assumem o mandato caso haja afastamento do titular. Os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) usados na análise podem ser acessados pelo DivulgaCand ou pelo repositório do órgão.
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Gilvam Borges concorre ao Senado nas eleições deste ano e tem o irmão e o filho como 1º e 2º suplentes na chapa, respectivamente. (Foto: Lorena Kubota/G1)
O ex-senador Gilvam Borges (MDB) tenta neste ano recuperar uma cadeira do Amapá no Senado. É titular na chapa que reúne ainda o irmão, Geovani Borges (MDB), como 1º suplente e o filho, Miguel Gil Borges (MDB), como 2º suplente.
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Eduardo Braga tenta repetir o resultado das eleições de 2010, quando também se candidato ao Senado, com a mulher, Sandra Braga, como 1º suplente (Foto: Marcos Dantas)
A história se repete no Amazonas, onde o casal Braga tanta refazer o resultado das eleições de 2010. O titular da chapa, Eduardo Braga (MDB), tem a companhia da mulher, Sandra Braga, na disputa por uma das vagas do estado no Senado.
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José Alberto Pinto Bardawil encabeça uma chapa ao Senado que tem o próprio irmão como 1º suplente (Foto: Waldemir Rodrigues/Agência Senado)
Uma das 13 chapas ao Senado pelo Ceará é liderada por José Alberto Pinto Bardawil (Podemos). O empresário do setor de comunicação leva o irmão, Walter Pinto Bardawil (Podemos), como 1º suplente.
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O senador Edison Lobão e o filho, Edison Lobão Filho, compõem chapa ao Senado pelo MDB do Maranhão (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
No Maranhão, a família Lobão tenta renovar uma aliança familiar que já saiu vitoriosa nas eleições de 2010. Novamente, Edison Lobão e Edison Lobão Filho se candidatam, respectivamente, a titular e 1º suplente na chapa de senador. Pai e filho concorrem pelo MDB.
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Nas eleições de 2018, o deputado federal Wladimir Costa tenta uma vaga no Senado. A mãe dele, Lucimar da Costa Rabelo, é 1º suplente na chapa. (Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados)
No Pará, por exemplo, o deputado federal Wladimir Costa (SD) concorrerá ao Senado. A vaga de 1º suplente em sua chapa é da mãe dele, Lucimar da Costa Rabelo (SD), com o nome de urna "Nega Lucimar".
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O senador Ciro Nogueira concorre a mais oito anos de atividade no Senado. Eliane e Silva Nogueira Lima, mãe de Ciro, é 1º suplente na chapa. (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
No Piauí, o presidente do PP, Ciro Nogueira, escolheu a própria mãe, Eliane e Silva Nogueira Lima, para o cargo de 1º suplente na chapa. Nogueira já é senador e, caso eleito, terá direito a mais oito anos de atividade na Casa. Ambos concorrem pelo PP.
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Pastor Everaldo foi candidato a presidente nas eleições de 2014 e agora tenta uma cadeira no Senado pelo Rio de Janeiro. Seu filho, Laércio de Almeida Pereira, é 2º suplente na chapa. (Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados)
O Rio de Janeiro se destaca por reunir apenas candidatos com o sobrenome "Pereira" na mesma chapa. Inicialmente, o Pastor Everaldo (PSC) tinha o próprio irmão, Edimilson Dias Pereira, como 2º suplente. Depois, segundo o partido, a vaga passou a ser ocupada por Laércio de Almeida Pereira, filho de Pastor Everaldo. Laércio também é advogado e sócio da "Folha Cristã".
O nome de Donizeti de Assis Dias Pereira, empresário do setor de transportes, completa a chapa como 1º suplente. A assessoria do candidato afirma, porém, que não há nenhum grau de parentesco entre Donizeti e Pastor Everaldo.
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