A história da existência do Eldorado foi difundida na Europa e, particularmente na Inglaterra, pelos primeiros viajantes que se aventuraram nos grandes rios
Foto que Percy Fawcett fez de Plácido de Castro um ano antes do comandante da Revolução Acreana ser assassinado
Encontrar o Eldorado brasileiro que se acreditava achar escondido no coração da floresta amazônica era o sonho alimentado por muitos exploradores e cientistas europeus, do inicio do século XX. A história da existência do Eldorado foi difundida na Europa e, particularmente na Inglaterra, pelos primeiros viajantes que se aventuraram pelos grandes rios da região a partir de conversas que tinham com os índios que habitavam as margens desses rios.
O Eldorado cujo nome significa “o homem dourado”, na imaginação dos exploradores e aventureiros seria uma cidade próspera e gloriosa, construída por uma civilização avançada, com ruas largas, casas altas, túneis subterrâneos e ouro, muito ouro.
Foram muitas as tentativas de se alcançar o Eldorado e uma delas ganhou especial notoriedade, com ampla cobertura da imprensa, por que organizada pelo Coronel do Exército Britânico, o explorador Percy Fawcett em cujo curriculum registrava haver participado da primeira guerra mundial combatendo os alemães e ter demarcado , em 1907, as fronteiras da Bolívia com o Brasil em tempo recorde.
Fawcett imaginou que só seria possível alcançar o Eldorado em uma expedição terrestre e com um mínimo de pessoas para não chamar atenção dos índios que habitavam a região. A expedição foi financiada por vários jornais ao redor do mundo que pretendiam divulgar com prioridade as descobertas de Fawcett e também pela Real Sociedade Geográfica de Londres.
Em abril de 1925 Fawcett, seu filho Jack e um amigo (Raleigh Rimell), ambos com 21 anos de idade, deixaram Cuiabá, montados em mulas e cavalos e se enveredaram pela floresta. Nos dois meses seguintes conseguiram mandar cartas do Xingu contando toda a sorte de dificuldades que era percorrer a floresta a pé, enfrentando animais e índios arredios, contudo, ainda mantendo viva a esperança de chegar ao Eldorado.
Daquela data em diante, porém, foram dados como desaparecidos e até hoje não se sabe exatamente o que aconteceu com os três ingleses, embora teorias não faltem para explicar o desaparecimento dos exploradores. Uns dizem que, de fato, eles encontraram o Eldorado e simplesmente renunciaram voltar à civilização, outros tantos aduzem que foram mortos por índios e, finalmente há aqueles que dizem que decepcionados por não haverem encontrado o tão ambicionado Eldorado Fawcett e seus companheiros resolveram vagar pela floresta.
Consta que mais de cem expedições foram organizadas para resgatar os três exploradores. Nenhuma delas alcançou a sua finalidade e algumas até tiveram o mesmo fim, o desaparecimento, sem rastros, no coração da Amazônia brasileira.
O fato é que a história da exploração de Fawcett inspirou livros, revistas em quadrinhos e até filmes como Indiana Jones. Um dos livros mais recentes lançados a respeito chama-se “Z”, A Cidade Perdida, do escritor americano David Grann que para descrever a saga do Fawcett desenvolveu uma ampla pesquisa perante os órgãos oficiais dos governos britânico e brasileiro; entrevistou familiares dos exploradores e teve acesso a documentos nunca antes revelados e finalmente veio à amazônica percorrer a trilha de Fawcett e conversou com índios descendentes daqueles hospedaram os exploradores em suas malocas. Ao final de sua narrativa David conclui que de fato o Eldorado tal qual imaginaram Fawcett e outros exploradores não existiu, contundo pesquisas arqueológicas modernas apontam que os índios brasileiros da região do Xingu, em tempos imemoriais, chegaram a edificar construções modernas como estradas e túneis cuja história seus descendentes desconhecem.
Ainda nas suas primeiras incursões pela Amazônia quando demarcava as fronteiras da Bolívia com o Brasil, Fawcett encontrou-se com o Plácido de Castro, provavelmente, no seringal Capatará, de propriedade de Plácido, localizado à margem direita do rio Acre, pouco acima de Rio Branco. É de autoria de Fawcett uma rara fotografia em Plácido aparece em traje de seringalista de botas de borracha e vestindo um blusão e calça caqui e cercado por cachorros de caça.
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* Arquilau de Castro Melo é advogado
colunista do site Juruá online
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