sábado, 28 de novembro de 2015

Fato inédito, desmatamento na Amazônia cresce mesmo com recessão econômica

Gustavo Faleiros, Blog InfoAmazonia UOL


Agente do Ibama em fiscalização de madeireiras em Paragominas, Pará. Foto: Ibama/divulgação

Na coletiva de imprensa que convocou depois do fim do expediente (às 18h30 desta quinta dia 26) para anunciar a taxa anual de desmatamento da Amazônia, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, confessou aos repórteres que estava surpresa com o resultado que apresentava.

De acordo com os dados apurados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o corte raso de florestas nos estados amazônicos aumentou 16% entre agosto de 2014 e julho de 2015. O total de florestas suprimidas é de 5831 km2 contra 5012 km2 no biênio 2013-2014. A área destruída equivale aproximadamente a 5 cidades do tamanho de São Paulo.

É difícil, entretanto, acreditar na surpresa expressa pela ministra. O incremento do desmate na Amazônia era esperado, afinal os alertas mensais de desmatamento – mensurados pelo sistema DETER –cresceram 68% em 2015. A taxa anual constatou o que já havia sido apontado: a volta da derrubada de grandes áreas, acima de 1000 hectares, o retorno do Mato Grosso como principal estado desmatador e o avanço rápido da fronteira de destruição no sul do Amazonas.

Surpresa mesmo, ou pelo menos consternação, deve mostrar a presidente Dilma Rousseff que, na próxima segunda-feira (30 de novembro), à frente de 130 chefes de estado, subirá ao púlpito daCúpula das Nacões Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP21 em Paris. Ali, anunciará o compromisso do Brasil com a redução das emissões de gases de efeito estufa.

O fato realmente inédito da taxa do desmatamento de 2015 é que, pela primeira vez nos últimos 15 anos, coexiste um cenário de recessão e um aumento do desmate na Amazônia. De acordo com os dados do PIB dos últimos 12 meses até julho de 2015, o nível da atividade econômica baixava 2,1%, enquanto o corte raso eleva-se a 16%. A título de comparação, quando o PIB caiu em 2009, o desmatamento acompanhou a tendência .

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