sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Intervenção militar? Isso não é coisa de direitista, mas de burro




Os que salivam e se excitam com o verde-oliva não venham encher o meu saco! Eu já me despedi de vocês, não? Vão procurar sua turma!


Por: Reinaldo Azevedo
Veja.abril.com.br 



Olhem aqui: muitos leitores estão discordando deste ou daquele aspecto, quando não da opinião na sua inteireza, que expressei sobre a saída do general Antonio Hamilton Martins Mourão do Comando Militar do Sul. Foi uma punição, sim, decidida pelo comandante-geral do Exército, Eduardo Villas Bôas, e pelo ministro da Defesa, Aldo Rebelo.

As discordâncias estão sendo publicadas quando civilizadas. Mas há uma ala hidrófoba, que não pode ver um uniforme verde-oliva que já começa a salivar, que veio encher meu saco. E lá vêm as grosserias. Estão lembrando, inclusive, meu passado trotskista. Podem lembrar à vontade. Eu fui o primeiro a contar histórias a respeito. Não preciso de biografia não autorizada.

Aqui e ali se diz que pessoas que defendem intervenção militar ou que querem apelar aos quartéis são “de direita”. Se assim se sentem, ok. Mas é mentira.

Angela Merkel é de direita. Konrad Adenauer era de direita. Margaret Thatcher era de direita. Winston Churchill também. Mariano Rajoy é de direita. David Cameron é de direita. E nenhum deles pensou ou pensa em pôr os quartéis para governar, ainda que temporariamente.

Há uma diferença entre direitismo e burrice, como deriva haver entre esquerdismo e estupidez — nesse caso, parece tarefa impossível.

Só se decepcionou ou se surpreendeu com o que escrevi quem não havia entendido até agora o que penso. Se e quando precisarmos das Forças Armadas, no cumprimento do Artigo 142 da Constituição, os Poderes Constituídos a elas apelarão.

O sujeito que defende golpe militar é tão adversário meu quanto qualquer esquerdista golpista, do PT ou de qualquer outro partido.

Não me confundam!

De resto, o general Mourão atentou contra dois dos pilares das Forças Armadas: hierarquia e disciplina. Não fossem eles, por que as sociedades dariam a milhares de homens o monopólio do uso legal da força e das armas? Para que os armados decidissem quando intervir ou não? Que lixo de pensamento!

Defender intervenção militar é pensamento pré-político; coisa de horda, de milícias, de brucutus — e, no caso em questão, horda, milícias e brucutus impotentes, que pregam no deserto: ainda que pudessem tê-lo, os militares não querem o poder.

De resto, quem sabe história também sabe que já tivemos um general Mourão. Não precisamos de outro.

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