terça-feira, 4 de novembro de 2014

O neopetismo do Juruá

Fabio Pontes, do Blog Política na Floresta 

O primeiro e o segundo turno das eleições revelaram um pesadelo para a oposição: a perda do seu principal reduto eleitoral, o Vale do Juruá com o segundo maior número de eleitores. Desde 2010 a região vem se mostrando favorável ao petismo, ao contrário do que ocorria até então com seu tradicional sentimento de rejeição ao partido. A votação dada a Tião Viana (PT) quatro anos atrás pelos juruaenses foi essencial para assegurar a continuidade da hegemonia petista no Acre.

Estes dois resultados -de 2010 e 2014 – revelam que a legenda irá partir com toda a força possível de sua máquina para tirar a prefeitura de Cruzeiro do Sul dos domínios opositores, hoje representada por Vagner Sales (PMDB), apontado como o “leão do Juruá”. Mas esta fera parece não ter rugido o suficiente para evitar a vitória de Tião Viana na sua própria cidade.

A mulher, Antônia Sales (PMDB), era a vice de Márcio Bittar (PSDB). Os tucanos fizeram das tripas coração para que ela fosse indicada a vice, acreditando ser esta a receita da vitória no Juruá. É fato que a diferença de Tião para Bittar foi bem pequena. Na Rio Branco de três mandatos sucessivos do PT o governador não teve a melhor das folgas também.

Além dos Sales, o último baluarte oposicionista no Juruá são os Camelis, representados na figura do agora senador eleito Gladson Cameli (PP). Mas esta família está dividida, pois ainda mantém contratos com o governo petista, o que a impossibilita de erguer de fato a bandeira oposicionista. Portanto, não é uma ameaça tão real nas pretensões de domínio da região pelo Vianismo.

Vagner Sales ainda tem uma administração bem-sucedida e bem avaliada. Sua falha foi perder o controle no combate à dengue e a queda no ranking do IDEB. Sua grande força está na imensa zona rural oferecendo assistência no transporte da produção. À primeira vista não tem um nome de peso para a sua sucessão. O mais provável é que Antônia Sales seja o “nome natural”, mas a relação de casamento pode comprometer legalmente a sucessão.

Outro ingrediente é a união da oposição. Além do mais é certo o empenho do senador Cameli para que não se deixe perder este importante colégio, que é, sobretudo, sua base de votos, mesmo com o avanço de territórios em Rio Branco.

O PT tem bons nomes: Marcelo Siqueira e Taumaturgo Lima. São dois petistas que voltariam a colocar em campo minado as duas principais correntes da legenda: Democracia Radical (DR) e Democracia Socialista (DS). Siqueira representa a renovação, um candidato jovem e qualificado para assumir a prefeitura, e que tem o apoio da DR do Palácio Rio Branco.

Taumaturgo Lima tem o peso de outra família tradicional do Juruá: os Limas do deputado Jonas Lima (PT) e do ex-secretário da Fazenda Mâncio Lima Cordeiro, que, mesmo fora do cargo, ainda tem grande poder de influência nas fileiras petistas.

Ele padece somente na pouca força da DS dentro das tomadas de decisão partidária Em resumo, as eleições de 2016 pela prefeitura de Cruzeiro do Sul caminham para ser uma das mais acirradas e interessantes de nossa história política.

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