O governador do Acre, Tião Viana (PT-AC) utilizou suas contas nas redes sociais para contestar as críticas feitas pela secretária da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, Eloisa de Sousa Arruda, sobre a transferência de imigrantes para a capital paulista, que chegam ao Brasil através da fronteira do Acre com o Peru. Para Viana, a atitude do governo paulista é preconceituosa.
Em nota, divulgada nesta quinta-feira (24), a secretária diz que o governo do Acre foi "irresponsável e inconsequente" por ter enviado imigrantes para São Paulo e diz que não houve planejamento da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Acre (Sejudh) para essa ação.
Em seus perfis, tanto no Twitter quanto no Facebook, Viana classificou a conduta do governo de São Paulo como sendo 'elite paulista' e disse que estariam querendo obrigar o povo acreano a 'prender imigrantes' no estado. Questionou ainda, se as críticas não seriam motivadas por preconceito racial e uma política de 'higienização'.
"As elites preconceituosas querem o quê? Que prendamos essas pessoas? Que não as deixemos encontrar pais, mães e esposas que já estão no Brasil? O 'andar de cima' das elites, parece mesmo querer, em pleno século XXI, assegurar seus territórios livres de imigrantes do Haiti?", questiona.
O governador do Acre terminou o desabafo dizendo que iria recomendar aos críticos que façam uma releitura de Martin Luther King, pastor e ativista político norte-americano, morto em 1968, que foi um dos líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos.
Rota de Imigração
Desde 2010, o Acre se estabeleceu como rota de imigração, principalmente para haitianos que deixaram sua terra natal, após um terremoto que devastou a capital do Haiti, Porto Príncipe, e uma epidemia de cólera que se seguiu ao desastre. A rota também passou a ser utilizada por imigrantes de países como a República Dominicana e o Senegal.
De acordo com dados da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), pouco mais de 20 mil imigrantes já passaram pelo estado nos últimos três anos e meio. Até o dia 15 de abril desse ano, essas pessoas ficavam instaladas em um abrigo mantido pelo governo do estado no município de Brasiléia, distante 232 km de Rio Branco.
O abrigo foi fechado permanentemente e os imigrantes foram transferidos para o Parque de Exposições Marechal Castelo Branco, em Rio Branco.
Nos meses de março e abril de 2014, por causa da cheia histórica do Rio Madeira, em Rondônia, os imigrantes ficaram impossibilitados de sair do Acre, porque o tráfego na BR-364, principal via de ligação do estado com o restante do país, ficou interditado. O abrigo em Brasiléia chegou a acolher aproximadamente 2,5 mil imigrantes. Para resolver o problema, o governo do Acre utilizou aviões fretados para levar os imigrantes até Rondônia e de lá, os embarcou em ônibus para São Paulo.
G1/ACRE
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