Um homem muito simples da zona rural, cabisbaixo, mãos calejadas, se aproxima humildemente do prefeito Pedro Negreiros, e conta o drama que lhe atormenta a vida por demais.
- Seu prefeito, eu preciso muito da sua ajuda. É porque me preparei para receber o meu filho que ia nascer, mas aí a minha mulher teve logo três crianças de uma vez.
- E agora? Indaga Negreiros, admirado com a situação.
- Agora danou-se tudo, e não sei mais o que fazer. As fraldas, as roupinhas, o leite... Tudo que comprei não serve mais de quase nada.
O prefeito então manda chamar um assessor e lhe pede que vá à rua comprar um enxoval completo de recém-nascido, com muita fralda, e quatro latas de leite em pó. Passado algum tempo, já de posse dos presentes, o agricultor pergunta.
- Ouvi dizer que seu Orleir gosta muito de ajudar as pessoas. O senhor acha que ele me ajuda também?
- Não sei não, mas dê um pulo até lá. Quem sabe ele ajuda.
Nesse tempo Orleir ainda não pensa em ser governador, nem prefeito. Mas já sabe como agir, ao modo dele, diante da romaria interminável de pedidos de ajuda. Quando o homenzinho consegue se aproximar, nem bem termina a história e Orleir, um gigante, vai logo gritando para um dos empregados.
- Ei, você! Diga ao vaqueiro que estou chamando ele aqui.
O homem se sente acuado perto de pessoa tão importante, que toma decisões rápidas, aos gritos. Quando o vaqueiro chega o patrão vai logo dizendo:
- Escolha lá entre as vacas leiteiras, uma que dê bastante leite. Empresta pra ele levar pra casa. É pra amamentar as crianças. Depois ele traz a vaca de volta.
O homem se curva agradecido, ainda não acredita no que está acontecendo. Agradece várias vezes. Não sabe se ri ou se chora.
Quando tinha andado uns quarenta metros, Orleir grita ainda mais alto.
- Volte aqui de novo!
O agricultor estanca de repente. O coração dispara. As pernas endurecem. Mal consegue se mover.
- Ichi! Fala baixinho só para o vaqueiro ouvir: Deus me defenda, mas o homem se arrependeu e já vai pegar a vaca de volta.
- Olha, eu pensei melhor, disse Orleir. A vaca é sua e das suas crianças, não precisa mais devolver não. Fique com ela.
- Sim, senhor. Então tá bão.
Mais tarde, o agricultor pai dos trigêmeos e dono da vaca, encontra-se novamente com Pedro Negreiros, e vai contando logo o acontecido.
- Foi, foi?
- Mas foi mermo, disse ele feliz.
Quando o sujeito sai, Negreiros comenta com o assessor:
- Que vergonha. Eu sou o prefeito da cidade e dou só quatro latas de leite, achando que estou fazendo grande coisa. E esse Orleir, que nem vereador é, dá logo uma vaca inteira.
O Dia das Crianças vem aí! E essa é a homenagem deste Blog a todos que se importam com elas.
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