Fábrica de Tacos criada por Jorge Viana fecha as portas e demite 80 funcionários
Investimento de R$ 30 milhões é o primeiro fracasso da era industrial
do Acre, depois de gastar mais de R$ 2 milhões só em consultoria
do Acre, depois de gastar mais de R$ 2 milhões só em consultoria
Anunciada pelo governador Jorge Viana (PT), como um dos primeiros passos do Acre rumo à redenção da industrialização do Estado, a Fábrica de Tacos, que só em investimentos governamental consumiu R$ 30 milhões na estruturação e compra de equipamentos e, mais R$ 2 milhões em consultoria, fechou suas portas. O investimento é o primeiro grande fracasso da era industrial acreana.
Se muitas pessoas questionavam a pressa do governador Tião Viana (PT), em explicar os motivos do empréstimo de R$ 685 milhões, contraído junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), durante a última semana de trabalhos da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), a explicação veio mais rápido que a ida dos secretários de Estado à Casa de leis, depois de mais de 12 anos de insistentes convites.
Ao justificar o endividamento do Estado, os secretários de Tião Viana, deram como exemplo de sucesso do processo industrial a Fábrica de Tacos, que segundo eles, estaria produzindo em larga escala para os mercados interno e exterior, omitindo a crise administrativa que o empreendimento estatal estaria passando, após ser entregue gratuitamente para o consórcio, das empresas Albuquerque Engenharia, Madeireira Ouro Branco e Laminados Triunfo.
Segundo informações de pessoas ligadas ao grupo de empresários que comandava a Fábrica de Tacos, tudo não passou de um grande engodo, quando no início das operações, o empreendimento geraria 180 empregos. A fábrica, de acordo com as informações obtidas pela reportagem, operava com 80 funcionários, e tinha uma baixa produção, já que não tinha mercado, funcionando apenas como instrumento de marketing do governo.
Os pisos produzidos na indústria localizada na rodovia 317, no município de Xapuri, que seriam produtos de exportação, nunca chegaram a sair do Estado, de acordo com funcionários ligados a área administrativa. Os produtos que teriam apelo de serem produzidos com madeira 100% certificada ficaram apenas nas intenções e nas peças publicitárias, que chegaram inclusive, a ser levadas e apresentadas em eventos no exterior.
O consórcio formado pelas empresas Albuquerque Engenharia, Madeireira Ouro Branco e Laminados Triunfo resolveram jogar a toalha, mesmo afirmando ao assumir o empreendimento estatal, que estaria preparado para trabalhar e gerenciar a Fábrica de Tacos. Até mesmo supostos estudos sobre a madeira de manejo, como melhor tipo para elabora os produtos teria sido apresentado ao Governo do Estado.
Na época em que a fábrica iniciou suas operações, o empresário João Albuquerque afirmou: “Estamos preparados para trabalhar, este ano, com 60 mil metros cúbicos de madeira certificada, sempre se resguardando com um estoque. A mão de obra é local, conforme exigência do governo”. Outro dado apresentado pelo empresário, que ficou apenas no papel seria que empresa geraria 300 empregos diretos, sem contar os postos na extração da madeira.
As contradições também eram evidentes. João Albuquerque, já firmava que os empresários que assumiram a fábrica idealizada e criada por Jorge Viana, não tinham experiência de trabalhar com o manejo sustentável. Jogando a batata quente nas mãos dos administradores da Frente Popular do Acre, o empresário disse: “O governo provou que esse pode ser um negócio bom para o Estado, para a comunidade, para os empresários e, claro, para a natureza”.
Muitos gastos para pouco retorno
Os ex-governadores, Binho Marques e Jorge Viana, tinham o desafio de preparar o Acre para trabalhar com tendências ao agronegócio. Já que as leias ambientais, de certa forma perversa, com a população do Estado, impede o desenvolvimento da forma com que os grandes centros do País se desenvolveram. Essa preparação esbarrou na falta de receita própria para investimentos. A partir daí começou o endividamento do Acre.
Em toda sua administração, Jorge Viana, gastou aproximadamente R$ 800 milhões, sendo que as sobras de seus oito anos de mandato ficaram para Binho Marques, que além do dinheiro herdado, consumiu R$ 1,6 bilhão, nos quatro anos de mandato. Binho contraiu vários empréstimos durante seu governo, sempre se apoiando na capacidade de endividamento do Estado, junto às instituições financeiras.
No sétimo empréstimo, desta vez, feito por Tião Viana, o Acre compromete praticamente toda sua capacidade de endividamento, no ambicioso projeto de manter o poder do Estado, nas mãos de administradores da Frente Popular do Acre. Se o retorno de todos os investimentos, ao final dos quatro anos de mandato da atual administração, não forem os desejados na área industrial, o Estado poderá ficar inviável financeiramente.
De olho no processo eleitoral de 2012, Tião Viana anunciou que ao final de 2014, sua administração terá investido R$ 2,4 bilhões em todo o Estado. No setor industrial, onde as principais iniciativas, a Fábrica de Tacos e a Fábrica de Camisinhas Natex, continuam patinando na inércia administrativa, o governador promete um forte investimento, principalmente, em cidades administradas pela oposição, numa clara tentativa de devolver as prefeituras a FPA.
Edvaldo Magalhães afirma que a Fábrica de
Taco passa por mudanças de composição societária
Taco passa por mudanças de composição societária
Mesmo estando em viajem cumprindo agenda oficial com a equipe de governo, pelo Vale do Juruá, o secretário de Indústria e Comércio, Edvaldo Magalhães, retornou ao contato da reportagem de ac24horas, para apresentar a versão do Governo do Estado, acerca do suposto fechamento da Fábrica de Tacos do município de Xapuri.
Segundo o secretário, não se trata de fechamento, mas uma mudança de composição societária, que de acordo com ele, é muito comum, quando se trata de consórcios de empresas que assumem um empreendimento. “O que muda é apenas a composição societária, que está sendo redesenhada pelos empresários”, afirma Edvaldo.
A Fábrica de Tacos, de acordo com o secretário, a empresa que era administrada pelo consórcio, das empresas Albuquerque Engenharia, Madeireira Ouro Branco e Laminados Triunfo, passara por um redefinição, devendo o controle da indústria ficar apenas com a empresa Laminados Triunfo.
“Os empresários comunicaram o governo, e estamos acompanhando de longe, mas se as mudanças levarem prejuízos para o Estado, o governo vai intervir. Por enquanto, trata-se de um arranjo, que é uma questão entre os sócios – eles estão redefinindo as questões administrativas”, acrescenta Edvaldo Magalhães.
Sobre as demissões, o secretário afirmou que é apenas uma questão burocrática, que os funcionários que estão de aviso, serão recontratados, após a redefinição administrativa entre os empresários que administravam a Fábrica de Tacos. “Todos os funcionários serão readmitidos na nova composição”, enfatiza Magalhães.
Ray Melo, da redação de ac24horas – raystudio3@gmail.com
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