sexta-feira, 10 de março de 2017

Acre entra na rota da soja e ministro Blairo Maggi vem incentivar produção


O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, um dos maiores produtores de soja do país, visitará o Acre na segunda-feira (13), onde se reunirá com representantes dos setores agrícola, agroindustrial e agropecuário, a convite do senador Gladson Cameli (PP-AC).

A visita do ministro coincidirá com a semana em que o pecuarista Jorge Moura vai começar a colher a produção do plantio experimental de 40 hectares de soja na fazenda Boa Esperança, no município de Capixaba, a 70 quilômetros de Rio Branco.

Um dos maiores entusiastas do cultivo de soja no Acre, o secretário estadual de Agropecuária, José Carlos Reis da Silva, disse que, além de Moura, outros dois pecuaristas estão com plantios experimentais no Estado.

— Estão fazendo isso em áreas degradadas num processo de integração da lavoura com a pecuária. Eles precisam disso para aumentar os ganhos.

O pecuarista Jorge Moura contou que a soja foi plantada em novembro e que não teria usado defensivo agrícola porque não apresentou praga ou fungos.

— Vou colher mais de 68 sacos por hectare. De 50 a 55 sacos por hectares a produção já é excelente. Tivemos alguma perda em alguns trechos da área onde se formou poças d’água, mas isso é fácil de corrigir. No ano que vem vou plantar mil hectares. Minha produção já está vendida para um comprador de Rondônia.

Dono de um ”grande motel” em Cuiabá (MT), Moura disse que está disposto a ir embora do Acre caso encontre resistência dos órgãos estaduais de defesa do meio-ambiente.

— Nesse sentido, um pecuarista do Mato Grosso, dono de uma fazenda de 15 mil hectares, vive alertando para que eu me mude para lá. Quer uma quantidade de dinheiro e meu motel em troca da fazenda dele. E eu vou fazer isso caso tentem dificultar minha decisão de cultivar soja no Acre. Quando existe matéria-prima, surge a indústria. É uma corrente - acrescenta.

Na visão de Moura, o baixo desmatamento é a causa do empobrecimento do Acre.

— Na hora que a gente tiver 25% ou 30% desmatados, vamos ver a situação melhorar para todos. Vai acabar o desemprego, ninguém vai mais pedir esmola nas ruas, vão surgir escolas agrícolas para ensinar a juventude a produzir comida. Quando eu era vendedor ambulante de pão ou cobrador de ônibus, a gente ficava esperando sair o pagamento dos funcionários para a situação melhorar um pouco. O Acre continua assim. Na cidades onde ando, no centro-oeste e no sudeste, ninguém nem sabe quando sai pagamento de funcionário público porque a iniciativa privada move tudo. Dizem que só podemos cultivar soja em 4% das terras do Acre. Você já imaginou o que é 4% de 16 milhões de hectares? Quando isso acontecer, o Acre vai sair do buraco e a gente vai deixar de pedir dinheiro em Brasília para construir até cagador - filosofa o pecuarista.

Recentemente, quando o plantio de soja de Jorge Moura estava verdejante, o governador Tião Viana tratou de se esquivar do convite para visitar a propriedade. No lugar dele estiveram os secretários Reis e Sibá Machado, da Indústria e Comércio, além da vice-governador Nazaré Araújo.

No ano passado, ao receber a visita de empresários interessados em investir em soja no Acre, Tião Viana declarou que o Estado, com seu Zoneamento Ecológico Econômico definido, não precisa derrubar nenhuma árvore para plantar soja. Na ocasião, Viana disse que neste ano o Acre terá uma renda de R$ 1 bilhão com o peixe e, nos próximos três ou quatro anos, de R$ 1 bilhão com a suinocultura. 

— Temos entre 30 e 40 mil hectares para o plantio de soja e toda a produção deve ser consumida no mercado interno. Se houver excedente, estamos ao lado do Peru, que consome do México e da costa oeste americana, e pode consumir do Acre - declarou Viana aos empresários, embora siga dizendo que o Acre possui centenas de produtos rurais sustentáveis tão ou mais rentáveis que a soja, como peixe, coco, macaxeira, seringueira, açaí, frutas tropicais, milho e castanha plantada.

Blog do Altino Machado

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