quinta-feira, 16 de abril de 2015

Acre: Deputado estadual Dr. Jenilson Leite (PCdoB) protocola requerimento para realização de uma sessão solene em homenagem ao dia do índio. “ Sessão será realizada no dia 23 de abril”.

                         foto: Jardy Lopes

O deputado estadual Dr. Jenilson Leite (PCdoB) requereu a mesa diretora da Assembleia do Legislativa do Acre –ALEAC a realização de uma sessão solene em homenagem ao dia do índio, comemorado no dia 19 de abril. Este requerimento do deputado comunista dá prosseguimento a uma das bandeiras do PCdoB, que é lutar e defender a minoria, na qual, estão incluídos os indígenas. A sessão solene será realizada no dia 23 de abril, na sala das sessões Deputado Francisco Cartaxo, plenário da ALEAC. O requerimento foi protocolado no dia 09 de abril.

No Acre, os indígenas estão divididos em dois grandes troncos indígenas: a) Aruaque ou Aruak ( na região do Rio Purus); b) Panos ( na região do Juruá). 
- Os Panos estão divididos em Kaxinawás, Yawanawás, Poyanawás, Jaminawas, Nukinis, Araras, Katukinas, Shaneanawa, Nawa, e Kaxararis. 
- Os Aruaques é divididos em Kulinas, Ashaninkas (Kampas) e Manchibery. 

Segundo o senso do IBGE de 2010, a população indígena do Acre é de 14.318 mil. 

O dia do índio foi criado através do Decreto Lei nº5.540, em 1943, pelo presidente da República Getúlio Vargas. 

Mais de 90% dos indígenas do Acre vivem nas aldeias, mantendo sua cultura e costume. Contudo, existem algumas aldeias que dispõe de internet, de TV e de telefone ( orelhão). 

Com o apoio do governo do estado, iniciado na gestão do ex-governador Jorge Viana (PT), os índios passaram a criar peixes, galinhas, porcos, e a cultivar roças, milhos e bananas para suprir a escassez da caça causado pela destruição da vegetação e também para vender nas cidades, um dos exemplos é Aldeia Pynuha ou Terra do 27, em Tarauacá. 

O deputado Dr. Jenilson Leite justifica o requerimento protocolado para realização da sessão elencando algumas informações decorrentes da história dos primeiros habitantes no Brasil ao longo de séculos. 



Veja a integra 

“O presente requerimento visa à realização de uma Sessão Solene em homenagem ao Dia do Índio. Comemoramos todos os anos, no dia 19 de abril, o dia dos homenageados, esta data comemorativa foi criada em 1943 pelo Presidente Getúlio Vargas, através do decreto lei número 5.540. Diversos povos indígenas habitavam o Brasil muito tempo antes da chegada dos portugueses em 1500. Cada povo possuía sua própria cultura, religião e costumes. Viviam basicamente da caça, pesca e agricultura. Tinham um contato total com a natureza, pois dependiam dela para quase tudo. Os rios, árvores, animais, ervas e plantas eram de extrema importância para a vida destes índios. 

Por isso, os índios respeitavam muito a natureza. Os índios viviam em tribos e tinham na figura do cacique o chefe político e administrativo. O pajé era o responsável pela transmissão da cultura e dos conhecimentos. Era o pajé que também cuidava da parte religiosa e medicinal, através da cura com ervas, plantas e rituais religiosos. Faziam objetos artesanais com elementos da natureza: cerâmica, palha, cipó, madeira, dentes de animais, etc. A religião indígena era baseada na crença em espíritos de antepassados e forças da natureza. Os índios faziam festas e cerimônias religiosas. Nestas ocasiões, realizavam danças, cantavam e pintavam os corpos em homenagem aos antepassados e aos espíritos da natureza. Historiadores calculam que existiam de 3 a 4 milhões de índios no Brasil antes de 1500, espalhados pelos quatro cantos do país. O contato dos índios brasileiros com os portugueses foi extremamente prejudicial para os primeiros. Os índios foram enganados, explorados, escravizados e, em muitos casos, massacrados pelos portugueses. Perderam terras e foram forçados a abandonarem sua cultura em favor da europeia. Embora muitas nações indígenas tenham enfrentado os portugueses através de guerras, ficaram desfavorecidos, pois não tinham armas de fogo como os portugueses. Atualmente somente cerca de 400 mil índios vivem no Brasil. Muitas tribos, influenciadas pela cultura dos brancos, perderam muitos traços culturais. É muito comum encontrar em tribos indígenas atuais, índios falando em português, vestindo roupas e até usando equipamentos eletrônicos. Ao entrarem em contato com os brancos, muitos índios, além de perderem aspectos culturais, contraem doenças e morrem.

A contaminação de rios, principalmente por mercúrio vindo dos garimpos, também leva doenças para os índios através de seu principal alimento: o peixe. Algumas tribos isoladas conseguiram ficar longe da influência branca e conseguiram manter totalmente intacta sua cultura. Infelizmente, são poucas tribos nesta situação. A maior parte destas tribos está localizada na região da Amazônia. Muitos povos indígenas têm se mantido graças à criação, nos últimos anos, de reservas indígenas. Nestas áreas, ficam longe da presença de pessoas que pretendem explorar riquezas da natureza. Para entendermos a data, devemos voltar para 1940. Neste ano, foi realizado no México, o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano. Além de contar com a participação de diversas autoridades governamentais dos países da América, vários líderes indígenas deste continente foram convidados para participarem das reuniões e decisões. Porém, os índios não compareceram nos primeiros dias do evento, pois estavam preocupados e temerosos. Este comportamento era compreensível, pois os índios há séculos estavam sendo perseguidos, agredidos e dizimados pelos “homens brancos”. No entanto, após algumas reuniões e reflexões, diversos líderes indígenas resolveram participar, após entenderem a importância daquele momento histórico. Esta participação ocorreu no dia 19 de abril, que depois foi escolhido, no continente americano, como o Dia do Índio. Os seus antepassados contribuíram com muitos aspectos de suas diversificadas culturas para a formação do Brasil: um país de vasta extensão territorial, cuja população é formada pelos descendentes de europeus, negros, índios e, mais recentemente, de imigrantes vindos de países asiáticos, que mesclam suas diferentes línguas, religiões e tradições culturais em geral, propiciando a formação de uma nova cultura, fortemente marcada por contrastes. A população indígena é merecedora de todos os elogios e honras, por toda sua contribuição com a história do Brasil, pelas suas culturas e ensinamentos, por todas as lutas e glórias que passaram em suas vidas, pelos obstáculos que vêm enfrentando, por vencer, quase que diariamente, toda e qualquer forma de discriminação étnica”.

Por Leandro Matthaus

Foto: Jardy Lopes

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